sexta-feira, 24 de abril de 2015

Esquema de vacinas em filhotes. O mito das três doses.

Hoje vou falar sobre a questão das vacinas de filhotes. Muitas pessoas sabem que os filhotes precisam fazer o esquema de vacina diferente dos adultos, que os filhotes precisam tomar as “três doses” de filhote. A questão é que quando se coloca desta forma, cria-se a falsa verdade de que tomando as três doses o animal estará protegido. Então vamos falar um pouquinho do motivo destas três doses e quando isso não é uma verdade absoluta.  




Quando o filhote recebe o leite da mãe, se esta mãe foi previamente e corretamente imunizada, ele recebe os anticorpos maternos, e neste período ele estará protegido. Porém esta é uma fase muito crítica do ponto de vista imunológico, onde o filhote ainda não tem seu sistema Imune plenamente desenvolvido, e, portanto, também pode não responde completamente a estas doses de vacina. O objetivo é exclusivamente começar a produzir defesa para esta fase da vida e ela não vai durar muito tempo. Portanto são necessárias doses subsequentes a cada 3 ou 4 semanas.

Além disso, recomenda-se confinar o animal em casa até ser completado o esquema, porque como ele recebeu o leite materno de uma mãe corretamente imunizada, ele terá a proteção destes anticorpos que irão atuar inclusive contra os antígenos da vacina, podendo inativá-la.

O filhote só tem seu sistema Imune amadurecido aos 4 meses de idade, e somente então ele terá uma resposta imunológica satisfatória, gerando um nível de proteção que persistirá por um período longo, variando para cada tipo de doença. 

                                                               



Quais são os filhotes que precisam realmente ser imunizados mais cedo?

Os filhotes órfãos ou que a mãe não tenha sido corretamente imunizada ao longo de sua vida. Aos trinta dias podem-se realizar vacinas bivalentes apenas (#cinomose e #parvovirose), nunca as vacinas polivalentes, como óctupla, #déctupla ou mais. Aos quarenta e cinco dias, alguns fazem antes, pode-se começar a proceder as vacinas polivalentes. Mas existe um problema quando se começa a vacinar cedo demais. Aí entra a questão do mito das três doses de filhote. Se um filhote só atinge sua maturidade imunológica aos 4 meses de idade (16 semanas), e se começa a vacinar cedo demais, sendo realizado doses com intervalos de 21 ou 30 dias, este animal terá terminado este esquema de três doses cedo demais, bem antes dos quatro meses, o que não garantirá uma proteção adequada e duradoura. 

O que faz com que as pessoas comecem a vacinar animais cedo demais e com intervalos menores é a ideia de que assim poderão liberar estes filhotes para passeios mais cedo, mas isso pode ser um tiro no pé, se este animal não foi adequadamente imunizado. Isso não depende da vacina, tampouco da vontade e experiência do médico veterinário, muito menos das vivências dos criadores e tutores. Esta adequada imunização depende única e exclusivamente da resposta imunológica de cada indivíduo, da fase de vida deste animal e dos anticorpos recebidos da mãe.

Sem esquecer de que quando estou falando de #vacina, estou falando de vacinas éticas, armazenadas e aplicadas por médicos veterinários em animais saudáveis. 




A respeito dos gatinhos, até bem pouco tempo era preconizado apenas duas dose de filhotes. Até hoje muitos ainda fazem assim. No entanto o Dr Archivaldo Reche, especialista em felinos domésticos, já preconiza para estes três doses das vacinas polivalentes específicas para gatos.




Não há problema em se começar mais cedo a vacina, (desde que, como eu falei, se faça a vacina correta para a idade), porém, e é aqui que estamos falhando, que se procedam as doses subsequentes em intervalos de 21 ou 30 dias até que a última dose seja feita após o quarto mês, ou 16 semanas, de idade. Então pode ser que sejam necessárias mais doses e não somente as tais três doses. Então não se assuste quando o médico veterinário recomendar doses a mais para o seu animal, porque o esquema de vacina de cada animal deve ser estabelecido de acordo com cada caso. 




Fontes:
Dra Norma Vollmer Labarthie – UFF/Fiocruz
Dra Maria Alessandra del Barrio – PUC MG  Poços de Caldas.
Prof. Dr Archivaldo Reche - USP


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