Hoje vou falar sobre a questão das vacinas de filhotes. Muitas pessoas sabem que os filhotes precisam fazer o
esquema de vacina diferente dos adultos, que os filhotes precisam tomar as “três
doses” de filhote. A questão é que quando se coloca desta forma, cria-se a
falsa verdade de que tomando as três doses o animal estará protegido. Então
vamos falar um pouquinho do motivo destas três doses e quando isso não é uma
verdade absoluta.
Quando o filhote recebe o leite da mãe, se esta
mãe foi previamente e corretamente imunizada, ele recebe os anticorpos
maternos, e neste período ele estará protegido. Porém esta é uma fase muito crítica do ponto de vista imunológico, onde o filhote
ainda não tem seu sistema Imune plenamente desenvolvido, e, portanto, também pode não responde completamente a estas doses de vacina. O objetivo é
exclusivamente começar a produzir defesa para esta fase da vida e ela não vai durar
muito tempo. Portanto são necessárias doses subsequentes a cada 3 ou 4 semanas.
Além disso, recomenda-se confinar o animal em casa até ser
completado o esquema, porque como ele recebeu o leite materno de uma mãe
corretamente imunizada, ele terá a proteção destes anticorpos que irão atuar
inclusive contra os antígenos da vacina, podendo inativá-la.
Quais são os filhotes que precisam realmente ser imunizados
mais cedo?
Os filhotes órfãos ou que a mãe não tenha sido corretamente
imunizada ao longo de sua vida. Aos trinta dias podem-se realizar vacinas bivalentes
apenas (#cinomose e #parvovirose), nunca as vacinas polivalentes, como óctupla, #déctupla ou mais. Aos quarenta e cinco dias, alguns fazem antes, pode-se
começar a proceder as vacinas polivalentes. Mas existe um problema quando se
começa a vacinar cedo demais. Aí entra a questão do mito das três doses de
filhote. Se um filhote só atinge sua maturidade imunológica aos 4 meses de
idade (16 semanas), e se começa a vacinar cedo demais, sendo realizado doses
com intervalos de 21 ou 30 dias, este animal terá terminado este esquema de
três doses cedo demais, bem antes dos quatro meses, o que não garantirá uma
proteção adequada e duradoura.
O que faz com que as pessoas comecem a vacinar animais cedo
demais e com intervalos menores é a ideia de que assim poderão liberar estes
filhotes para passeios mais cedo, mas isso pode ser um tiro no pé, se este
animal não foi adequadamente imunizado. Isso não depende da vacina, tampouco da
vontade e experiência do médico veterinário, muito menos das vivências dos criadores e tutores. Esta adequada imunização depende única e
exclusivamente da resposta imunológica de cada indivíduo, da fase de vida deste
animal e dos anticorpos recebidos da mãe.
Sem esquecer de que quando estou falando de #vacina, estou
falando de vacinas éticas, armazenadas e aplicadas por médicos veterinários em
animais saudáveis.
A respeito dos gatinhos, até bem pouco tempo era preconizado
apenas duas dose de filhotes. Até hoje muitos ainda fazem assim. No entanto o Dr
Archivaldo Reche, especialista em felinos domésticos, já preconiza para estes três doses das vacinas polivalentes específicas para gatos.
Não há problema em se começar mais cedo a vacina, (desde
que, como eu falei, se faça a vacina correta para a idade), porém, e é aqui que
estamos falhando, que se procedam as doses subsequentes em intervalos de 21 ou
30 dias até que a última dose seja feita após o quarto mês, ou 16 semanas, de
idade. Então pode ser que sejam necessárias mais doses e não somente as tais
três doses. Então não se assuste quando o médico veterinário recomendar doses a mais para o seu animal, porque o esquema de vacina de cada animal deve ser estabelecido de acordo com cada caso.
Fontes:
Dra Norma Vollmer Labarthie – UFF/Fiocruz
Dra Maria Alessandra del Barrio – PUC MG Poços de Caldas.
Prof. Dr
Archivaldo Reche - USP
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