terça-feira, 31 de março de 2015

O momento de procurar o atendimento médico veterinário.

O animal está para o veterinário, assim como uma criança pequena para o pediatra. Ele não fala, não consegue dizer o que está sentido, porém ele expressa seu mal estar de várias formas. No entanto, na vida selvagem, um animal doente é uma presa fácil de ser abatida, o que faz com que, por instinto, independente da espécie, ele tente esconder ao máximo que não está bem.

Quando um animal começa a dar sinais de que algo não está bem, muitas vezes o problema pode estar muito avançado, e muitos sinais podem ser percebidos pelo responsável mais cuidadoso, mas nem todos conseguem perceber. Geralmente o animal procura aquela pessoa em quem ele mais confia para expressar de alguma forma seu mal estar, mas na maioria das vezes, ele tende a ficar quieto, procura se esconder, reflexo instintivo da vida selvagem, em que somente os mais fortes sobrevivem.

                                                       


Porém as mudanças de comportamento são evidentes, basta um olhar mais cuidadoso. O animal deixa de fazer festinha com a chegada do dono, fica muito tempo deitado, urina em locais inapropriados ou com mais freqüência, com maior ou menor quantidade, deixa de comer, come menos ou passa a não aceitar a comida que estava acostumado, chora ao ser tocado, rosna ao ser tocado, anda com mais dificuldade, de alguma forma ele apresenta sinais de alteração comportamental que nos fazem suspeitar que algo não vai bem. Esta é, sem dúvida,  a hora de procurar o veterinário, munido do maior número de informações possível.

No entanto, muitas vezes, não é isso que acontece. Neste momento o proprietário começa a lançar mão de todas as fórmulas caseiras e medicamentosas que conhece, em segundo momento recorre aos amigos, donos de animais, balconistas de pet shops, Google e, ainda pior, Yahoo respostas. Além de não ser capaz de perceber alterações que só o clínico pode avaliar, este proprietário está perdendo tempo, e o problema avançando, porque como disse no início do texto, o animal não reclama de um mal estar, uma dor de cabeça, ouvido, coluna, cólica, como fazemos, muitas destas situações que muitas vezes nos fazem procurar o médico, eles tiram de letra, até mesmo por um limiar de dor mais alto, eles não se abatem tão fácil, portanto, quando está realmente demonstrando incômodo é porque o problema é mais sério do que supomos.

E aí está o problema que muitos de nós, clínicos veterinários, nos deparamos na clínica, principalmente nas emergências do dia-a-dia. Quando o animal chega em estado de emergência, após o pronto atendimento, quando vamos fazer a anamnese, ou seja, as perguntas para investigar o problema, percebemos quanto tempo e dinheiro o proprietário perdeu e se lamenta dizendo ter feito tudo o que estava ao seu alcance. Tudo menos o principal. Isso quando o proprietário, ciente de que pode ter prejudicado seu animal, ainda não esconde informações importantes, o que pode piorar o estado do animal O veterinário, apesar de perceber algumas intervenções do proprietário, ele não é adivinho, ele precisa da colaboração do mesmo para fechar o diagnóstico e intervir de forma eficaz o quanto antes.                                                                     

Não é incomum eu ouvir em rodas de amigos, muitas vezes pessoas que não sabem que sou veterinária, ou mesmo sabendo, alguém dizer: “Eu faço tudo o que está a meu alcance, sou experiente, só procuro o veterinário em último caso”. Não me espanto ao ouvir, logo em seguida, da mesma pessoa que algum veterinário não conseguiu salvar seu animal.

Um exemplo clássico de engano do proprietário quanto ao “diagnóstico” do seu animal é aquele que se queixa de que seu gato está com dificuldade de defecar há dias e logo na primeira avaliação o veterinário percebe a bexiga repleta. Isso ocorre porque gatos com obstrução urinária se colocam em uma posição que parece, ao proprietário inexperiente, que este animal está tentando defecar devido a localização (perineal) do pênis do gato, próxima ao ânus, e, mesmo que ele não esteja defecando, isto se deve ao fato de sentir dor pela bexiga repleta. O tempo que o proprietário perde esperando o gato defecar sozinho, realizando mudanças na alimentação e fórmulas para promover a evacuação, muitas vezes custa a vida deste animal, que chega às mãos do clínico veterinário em estado tão grave que salvar sua vida ou não pode ser questão de segundos.

Assim como acontece na clínica de pequenos, com cães e gatos, acontece com animais silvestres.  Quem cria um animal deve saber como fazê-lo, o ambiente necessário, o espaço que precisa, qual a alimentação correta. Sem dúvida alguma, o maior número de casos de procura a atendimento de silvestres é por erros de manejo, erros geralmente graves, em que qualquer intervenção não é mais possível.

Portanto, antes que o pior aconteça e que você precise procurar, e até mesmo conhecer, um veterinário no momento de desespero, o melhor e mais inteligente a fazer, assim que você adquirir um animalzinho, é levar para uma consulta de rotina, pedir orientação de como ele deve ser criado, alimentado, quais as peculiaridades da raça, da espécie. Procure ter um veterinário de sua confiança, assim como os telefones e endereços de clínicas 24 horas mais próximas de você.

Então é isso, procure se informar, ler, mas nunca menospreze qualquer sinal que demonstre que seu animalzinho precisa de ajuda profissional. 


Escrevi este artigo para o Jornalzinho do Projeto Pêlo Próximo quando fui veterinária voluntária em 2013.




3 comentários:

  1. Já posso dizer que sou fã... Vou utilizar muito este blog para me orientar...

    Sem puxar saco, até porque, você não precisa disso... Mas você Dra Luciana Petine é uma grande VETERINÁRIA!! Uma pessoa que ama sua profissão e faz por cada animal o impossível e com muito carinho...

    Parabéns pela iniciativa, pois, este blog vai ajudar muitos donos a entender mais e mais sobre seus filhotes peludos...

    Beijokas mil!

    Nane Amaral.

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    1. Isso aí, Nane, vamos usar este espaço para bater um papo sobre nossos amiguinhos peludos. Nestes anos todos atendendo em clínica a gente vai percebendo algumas dúvidas muito comuns e recorrentes que nem sempre são esclarecidas em uma consulta veterinária...bjs

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